Leitura para crianças: fonte de habilidades e afeto
Leitura para crianças: fonte de habilidades e afeto

João Bittar/MEC
"Adultos
que leem para as crianças contribuem para o seu desenvolvimento cognitivo e
emocional", afirma Claudia Sintoni
A aprendizagem é um processo contínuo, que acontece nos mais diversos ambientes e momentos. Na infância, essa diversidade de oportunidades de aprendizagem é ainda mais acentuada, pois é impulsionada pela curiosidade, pelas constantes descobertas e pela intensa vontade de estabelecer conexões e relacionamentos. Crianças e adolescentes se desenvolvem convivendo com diferentes pessoas e contextos e, por isso, quanto maior a oferta de situações educativas, mais se aprende.
Neste contexto, a leitura tem um lugar especial, já que por meio dela a criança conquista um novo universo para explorar, com condições favoráveis para o seu desenvolvimento. Desde muito cedo pode ser beneficiada pela leitura realizada pelos pais, familiares, educadores e professores – adultos que possuem um papel fundamental na apresentação dos livros e das histórias. Esse adulto que dedica um tempo à leitura para uma criança leva a ela muito mais do que um momento de diversão e estreitamento dos laços afetivos, especialmente na primeira infância: contribui para o desenvolvimento de inúmeras habilidades, expande seu imaginário e sua criatividade e amplia seu repertório de linguagem e de experiências.
Oferecer educação em tempo integral, conforme recomenda a meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE), não se restringe aos mecanismos formais. A estratégia 6.4 determina, por exemplo, a articulação com espaços educativos e culturais, como as bibliotecas. Mas esses espaços podem – e devem – ter uma interpretação mais ampla, para garantir à criança, desde a primeira infância, acesso a conteúdo e tempo de aprendizagem que irão colaborar para seu desenvolvimento pleno. A troca entre adulto e criança, tendo o livro como mediador, é uma experiência extremamente rica nesse sentido, seja em casa, no parque, na creche, na biblioteca, onde quer que ocorra.
Os dois primeiros anos das crianças são fundamentais, já que nesta idade elas são mais impactadas pelas atividades de leitura e têm mais disposição cognitiva para desenvolver a linguagem. Desde a gestação, é um dos principais estímulos que se pode oferecer a elas. A partir da 25ª semana de gravidez, os bebês já reagem a diferentes sons, como a voz da mãe, e se beneficiam quando expostos a estímulos linguísticos. Mesmo que até certa idade bebês não consigam entender palavras, o ritmo da leitura e o tom da voz são perceptíveis aos seus ouvidos e aos poucos a criança passa a construir os significados.
A leitura representa um momento de convivência que traz inúmeros benefícios apontados na literatura sobre o tema, conforme aponta o estudo “Impacto da leitura feita pelo adulto para a criança, na primeira infância, para o desenvolvimento do indivíduo”, da Fundação Itaú Social. Esse levantamento indica, por exemplo, que a leitura de obras de ficção tende a melhorar a empatia e as habilidades sociais dos indivíduos. A narrativa literária ensina a lidar com sentimentos e fortalece a criança para que se torne um adulto emocionalmente saudável e preparado para ser ativo na aprendizagem da vida e do conhecimento. Um bom livro suscita na criança identificações com vivências e sentimentos, principalmente quando ela participa ativamente da leitura da história.
A compreensão do mundo se amplia quando o adulto lê para ela narrativas cheias de conhecimento e emoções. Ela aprende a lidar com o sentimento do medo, comum no seu dia a dia e necessário à sua proteção, preparando-se para enfrentar o desconhecido, as dificuldades, as limitações, e crescer de forma saudável.
Uma criança que tenha desenvolvido seu potencial e o interesse na leitura tem mais chances de se tornar um cidadão com capacidade de interferir de forma positiva na comunidade em que vive.
*Claudia Sintoni é especialista em Mobilização Social da Fundação Itaú Social
Fonte: http://educacao.estadao.com.br
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